Câncer de testículo: sintomas, diagnóstico e tratamentos

Câncer de testículo

Câncer de testículo: sintomas, diagnóstico e tratamentos

Os testículos são as glândulas sexuais encarregadas de produzir a testosterona (hormônio masculino) e os espermatozoides.

O que é o câncer de testículo?

Na maioria da vezes, o câncer de testículo aparece  nas células que produzem o esperma.
Na maioria da vezes, o câncer de testículo aparece nas células que produzem o esperma.

O câncer de testículo ocorre quando as células desta zona começam a crescer de maneira descontrolada e formam tumores que, em algumas ocasiões, são malignos.

Na maioria das vezes, o tumor testicular é gerado nas células germinais produtoras de  espermatozoides, por isso, também se denomina tumor de células germinais.

Geralmente afeta somente um testículo, embora possa aparecer nos dois. Você sabia que este tumor é o mais comum entre os homens de 15 a 34 anos?

Classificação do câncer de testículo

O testículo tem dois tipos de tecido. Um é o que o cobre (que muito raramente gera câncer) e outro é o que é formado por pelas células do canal que transporta o sêmen.

Também encontramos o câncer em tecidos relacionados com o sêmen (seminomas) ou aqueles que se formam dos tecidos próprios da germinação para a gestação e, portanto, se compõe de uma grande quantidade de células diferentes (não seminomatosas).

A seguir listamos os diferentes tipos de câncer que podem aparecer no testículo. A gestão e o prognóstico dependerá do diagnóstico que você recebeu:

  1. Tumores de células germinativas

A grande maioria (90%) dos casos de câncer de testículo aparece nas células germinativas, responsáveis por produzir o esperma. Estes se dividem em outros dois tipos de tumores: seminomas e não seminomas. Há também os tumores mistos que são tratados como não seminomas.

Seminomas

  • Seminoma: com células desincitio-trofoblasto
  • Seminoma espermatocítico

Não seminomatosos

  • Carcinoma embrionário
  • Tumor do saco vitelino
  • Tumores trofoblásticos
  • Teratoma

Tumores de formas mistas

2. Tumores não germinais (tumores de células do estroma – canal sexual)
Constituem a minoria dos casos de tumores testiculares (5%). São mais comuns em casos de tumor testicular infantil (representam 20% deste).

3. Carcinoma in situ

Esta nomenclatura é dada ao câncer de células germinativas (que pode ser qualquer um dos tipos mencionados acima), mas que ainda está localizado, ou seja, não é invasivo. O carcinoma in situ nem sempre evolui para invasivo.

Sintomas do câncer de testículo

Os sintomas do câncer de testículo não se apresentam de maneira generalizada por todo o corpo. Geralmente, são verificados em uma zona específica. O principal deles é uma massa dolorosa em um só testículo. Em alguns casos a dor é o primeiro sinal.

Uma massa testicular deve ser considerada um tumor até que se demonstre o contrário. Outros sintomas podem ser:

  • Massa, nódulo ou inflamação em um ou ambos testículos
  • Sensação de peso no escroto
  • Dor na glande ou no abdômen
  • Dor ou incômodo no testículo ou no escroto
  • Acumulação de líquido no escroto

A aparição de outros sintomas fora do sistema reprodutor está relacionada com a doença metastática:

  • Inchaço na parte inferior do abdômen
  • Dor nas costas
  • Crescimento, sensibilidade ou massas nas mamas
  • Dificuldade para respirar
  • Tosse com rastro de sangue
  • Impossibilidade para comer
  • Dor nos ossos
  • Inflamação dos pés

Outras doenças, diferentes do câncer, podem causar infecções ou inflamações com uma sintomatologia parecida. Sempre que algum destes sintomas for identificado, é necessário ir ao médico para obter um diagnóstico adequado.

Causas

As causas específicas do câncer de testículo não estão claras, mas se conhecem alguns fatores que aumentam as possibilidades de padecer deste tipo de câncer:

Fatores de risco

Fatores de risco para  câncer de testículo
A pré-disposição genética e a infertilidade são fatores de risco para o desenvolvimento do câncer de testículo.

Alguns dos fatores que aumentam o risco de padecer de câncer de testículo são:

  • Antecedente de criptorquidia (testículos não descendidos)
  • Antecedentes familiares de câncer de testículo
  • Infecção por VIH
  • Histórico de câncer testicular
  • Traumatismos testiculares
  • Idade: a maioria dos casos se desenvolve em homens de 15 a  35 anos de idade (embora também possa aparecer em adultos maiores de 35 anos, crianças e bebês).
  • Infertilidade
  • Alterações genéticas como a Síndrome de Klinefelter

Prevenção

Não existe uma maneira exata de prevenir o câncer de testículo, entretanto, uma aliada muito poderosa é a prevenção. Consulte sempre seu médico, diante do primeiro sintoma. Um diagnóstico rápido pode fazer toda a diferença!

É aconselhável realizar o autoexame periodicamente para identificar se existe alguma protuberância ou massa. Escute seu corpo!

Diagnóstico e exames

O câncer de testículo é mais comum em homens até 35 anos, mas também pode aparecer em homens mais velhos.
O câncer de testículo é mais comum em homens até 35 anos, mas também pode aparecer em homens mais velhos.

Este câncer é detectado em etapas iniciais pela identificação de um nódulo em um dos testículos. Quando não se apresentam sintomas muito claros, o diagnóstico é mais tardio, razão pela qual pode ser mais facilmente encontrado em etapas avançadas.

É absolutamente necessário vencer a vergonha, a preguiça ou o medo e consultar o médico ao menor sinal de câncer testicular. Se o médico suspeita da existência de câncer, realizará um ou vários dos exames a seguir:

  • Análisis de antecedentes médicos e familiares
  • Exame físico. Revisão abdominal e uma adequada exploração testicular. Adicionalmente buscará massas que possam existir por cima da clavícula (gânglios inflamados a distância) e na região inguinal.
  • Ultra-som testicular. Será realizado diante do primeiro sintoma ou suspeita de massa testicular. Por meio deste exame será possível estimar o tamanho e a consistência da lesão e o comprometimento dos tecidos próximos.  

É preferível que se realize este do que o exame físico especialmente quando: o testículo está muito inflamado e não é possível apalpar da maneira adequada; o paciente tem os marcadores tumorais muito altos (dado que aparece nos resultados de exames de laboratório); em casos de infertilidade ou testículos pequenos (menos de 12 ml).  

  • Análise de sangue: são tomadas provas de sangue, as quais são analisadas na busca de marcadores tumorais. Os mais utilizados são:
    • Alfafetoproteína. São Produzidas pelo saco vitelino. Nos casos de tumores não seminomatosos, se verifica a elevação de sua produção, mas geralmente não mostra níveis anormais em carcinomas puros ou seminomas puros.
    • Hormona gonadotropina coriônica. É produzida pelos trofoblastos, é elevada tanto em tumores não seminomatosos como nos seminomas.
    • Deshidrogenasa láctica (LDH). Esta não é específica, mas pode ser determinante no volume do tumor. Pode estar elevada em fases avançadas da doença.
  • Orquiectomia inguinal (extração do testículo): deve ser realizada com divisão do canal espermático no nível do anel inguinal interno. Se um tumor é encontrado, é realizada uma biópsia por congelação para estabelecer um diagnóstico. Em etapas avançadas, um tratamento prévio com quimioterapia é preferível, para facilitar a intervenção.
  • Estudos por imagens:
    • Ecografia testicular. É realizada para detectar a massa que pode mostrar uma estrutura sólida com os cistos ou regiões calcificadas. Nestas massas, verifica-se aumento da quantidade de vasos sanguíneos.
    • Tomografías computarizadas (TC). É a modalidade escolhida para a gestão e acompanhamento.
    • Ressonância magnética (RM). Utilizada de maneira especial no câncer em estágios avançados e aqueles que apresentaram reincidências.

Em resumo, estes são os pontos mais importantes para o diagnóstico:

  1. A ecografia é obrigatória.
  2. Realizar a orquiectomia e o estudo da patologia, confirmar o diagnóstico e estabelecer a extensão local da lesão. Se o câncer se encontrar em estado avançado, será necessário realizar a quimioterapia previamente.
  3. Determinar os marcadores tumorais antes e depois da orquiectomia para determinar o estágio e estabelecer o prognóstico.
  4. Avaliar a presença de gânglios atrás dos intestinos, próximos ao coração e aqueles que se encontram em cima da clavícula.

Prognóstico segundo o tipo de massa testicular

Segundo as características apresentadas pelo tumor, seu médico dará um prognóstico, determinando a massa como:

  • Seminomas
    • Bom prognóstico (a possibilidade de sobrevivência de 5 anos do paciente é 86%): quando se trata de um tumor primário em qualquer local, sem presença de metástase, alfafetoproteína normal independente dos níveis de beta-HCG e deshidrogenasa láctica.
    • Intermediário (possibilidade de sobrevivência a 5 anos de 67%, sobrevivência geral de 72%): quando o tumor é primário em qualquer lugar com metástase em outros órgãos exceto pulmão, com alfafetoproteína normal e qualquer nível dos outros dois marcadores.
  • Não Seminomas
    • Bom prognóstico (possibilidade de sobrevivência de 5 anos maior de 92%): quando existe um tumor primário no testículo ou retroperitônio. Não existe metástase, a alfa fetoproteína é menor que 1000, a BHCG é menor que 5000, e a deshidrogenasa láctica é menor que 1.5.
    • Intermediário ( 80% de possibilidade de sobrevivência de 5 anos): primário testicular, retroperitoneal. Não existe metástase e os marcadores intermediários são: (AFP: 1000 – 10000 ng/ml) (BHCG 5000 – 50.000 IU/L) (LDH: 1,5 – 10 vezes o valor normal superior).
    • Pobre (48% de possibilidade de sobrevivência de 5 anos): primário mediastinal (próximo ao coração), presença de metástase em outros órgãos exceto no pulmão ou marcadores altos (AFP: > 10.000 ng/ml) (BHCG >50.000 IU/L) (LDH > 10 vezes o valor normal)

Tratamentos

A quimioterapia e a radioterapia são usadas no tratamento deste câncer. Em alguns casos é necessário extrair o testículo afetado.
A quimioterapia e a radioterapia são usadas no tratamento deste câncer. Em alguns casos é necessário extrair o testículo afetado.

Depende de muitos fatores, como o tipo e a etapa do câncer. O médico pode realizar provas para saber qual o tratamento adequado.

Entre os tratamentos para o câncer de testículo, estão:

Cirurgia

Consiste na extração cirúrgica do tumor. Existem três tipos de cirurgia para o câncer testicular:

  • Orquiectomia inguinal radical. Consiste na extração de um testículo. Dependendo da extensão, é possível retirar unicamente o testículo e o canal espermático ou realizar intervenções mais extensas e retirar gânglios comprometidos de maneira local.
  • Dissecção do gânglio linfático retroperitoneal (RPLND). É a remoção dos gânglios linfáticos ao redor dos vasos sanguíneos grandes (a aorta e a veia cava inferior).
  • Cirurgia laparoscópica: remover os gânglios linfáticos usando um laparoscópio através de incisões muito pequenas no abdômen.

Radioterapia

A radioterapia pode ser utilizada como tratamento antes da cirurgia ou em combinação com a quimioterapia. Consiste no uso de raios X de alta energia para eliminar as células cancerosas. A quantidade de ciclos e o tipo de radiação depende do tipo e do estado do câncer. Isso será determinado pelo seu oncologista.

Quimioterapia

Um medicamento ou a combinação de vários para eliminar as células malignas por via intravenosa. Isso é feito para atacar inclusive as células que se encontram à distância, além disso se utiliza para as células cancerígenas que possam ter permanecido depois da cirurgia ou radioterapia.

Também pode ser utilizada antes da cirurgia para diminuir o tamanho do tumor.

A quantidade de ciclos e a frequência deles, assim como o tipo de medicamento, serão pontos determinados pelo oncologista (ou urologista) segundo o estado no qual se encontre a doença e o comprometimento dos órgãos à distância.

Tratamentos complementares

Hábitos

Manter hábitos saudáveis é indispensável para controlar qualquer doença:

Dieta

Adote uma dieta balanceada. Coma pelo menos 2 ½ xícaras, verduras e vegetais ao dia, assim como várias porções de alimentos integrais de origem vegetal como pães, cereais, grãos, arroz, massas ou feijão. Limita o consumo de carnes vermelhas e processadas (embutidos). Leve em consideração que o frango e o ovo podem ter hormônios no seu sistema para acelerar seu crescimento. O melhor é evitar todos os tipos de carne.

Se você está se tratando de um câncer é muito importante que, embora possa sentir náuseas ou que a comida não tenha bom sabor, você não deixe de comer. A comida é a matéria prima para sustentar o sistema imunológico. Em muitos pacientes, funciona bem fracionar a comida em porções pequenas a cada 2 ou 3 horas até se sentir melhor.

Exercício

Praticar atividade física é recomendável para o bem-estar geral do seu organismo, mas é ainda mais importante quando você enfrenta um câncer. Fazer exercício ajudará a que o sangue flua melhor e seu metabolismo trabalhe de maneira mais eficiente.

É necessário gerar uma rotina de exercícios (treino) adequada às suas necessidades, habilidades e condição física prévia. O exercício, além de ajudar com sua saúde física, pode te ajudar no equilíbrio emocional.

Se rodear de outras pessoas para realizar suas atividades físicas é uma boa estratégia, que não só te ajudará a ficar firme no treinamento, como também te dará oportunidades de interação e apoio.

Equilíbrio mente-corpo

Depois de um diagnóstico de câncer, você terá que fazer algumas mudanças na sua rotina.

É fundamental gerar pensamentos positivos que servirão de semente para reações positivas diante do seu tratamento. Os pensamentos atraem ações.

Medite, reflita, pense que você é quem melhor se conhece e quem melhor pode ajudar na sua cura. Sinta cada parte do seu corpo, aprenda a se entender; um pouco de autoconhecimento pode te ajudar a entender o que acontece no seu corpo e como combater doenças da melhor maneira.

Lembre-se que o equilíbrio espiritual também é importante e te dará mais tranquilidade e serenidade para tomar decisões.

Cannabis

Os canabinoides diminuem o mal-estar geral, já que contribuem para a melhoria das náuseas e vômitos, à estimulação do apetite e o alívio da dor que alguns tratamentos de quimioterapia e radioterapia produzem. Podem potencializar a morte das células tumorais, reduzindo o potencial de propagação e metástase.

Até agora não há estudos concluídos que sejam específicos sobre a ação da cannabis no combate à evolução do câncer ou sua cura, porém, resultados positivos foram conseguidos em processos neoplásicos da cavidade abdominal.

Estratégias de enfrentamento e apoio

Buscar um grupo de apoio é um boa estratégia para lidar com um diagnóstico de câncer.

Sabemos que um diagnóstico de câncer pode representar um desafio emocional. Cada pessoa tem uma maneira diferente de lidar com essa situação. Não se despere. Procure estar perto de seus amigos e familiares e compartilhe seus pensamentos e sentimentos com eles. Ser escutado e estar acompanhando ajudará você a se sentir mais forte.

Busque um grupo de apoio de pacientes com diagnóstico igual ao seu, desta forma poderão compartilhar informação, resolver dúvidas e ter um acompanhamento mais próximo em cada passo do tratamento.

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Fontes:

câncer de testículo [P. Albers (presidente), W. Albrecht, F. Algaba, C. Bokemeyer, G. Cohn-Cedermark, K. Fizazi, A. Horwich, M. P. Laguna, 2009]

http://www.oncoguia.org.br/conteudo/sobre-o-cancer/719/157/