Quando tomar remédio para a dor?

Quando tomar remédio para a dor?

Quantas vezes você já recorreu ao armário de medicamentos em busca de um comprimido para dor, sem antes passar em uma consulta médica? Sim, provavelmente muitas vezes!

Os analgésicos têm feito parte da nossa vida. Por exemplo, a aspirina (ácido acetilsalicílico), é um dos medicamentos mais antigos que se tem notícia. Existem registros do uso do salicilato (o princípio ativo da aspirina), desde o antigo Egito. O antigo Egito!

Hoje em dia muitos estão super acessíveis já que não é necessário receita médica para comprá-los e são relativamente baratos, porém, isso não quer dizer que sejam inofensivos.

O fácil acesso aos analgésicos tem gerado muita discussão sobre seu uso indiscriminado.

E a verdade é que cada pessoa reage de uma maneira diferente: seu filho e um amigo podem reagir de formas diferentes ao mesmo medicamento, incluindo os efeitos colaterais que podem sentir.

Atualmente, os medicamentos mais comuns para combater a dor são:

1. Medicamentos anti-inflamatórios não esteroides (AINE). Os mais comuns são o acetaminofeno, o ibuprofeno, o naproxeno e o ácido acetilsalicílico.

2. Corticosteroides

3. Opioides

4. Antidepressivos

5. Anticonvulsivos

Neste artículo você encontrará:

  1. Tipos de analgésicos
  2. Outros tratamentos para a dor

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estabeleceu uma escala para a formulação de remédios para controle da dor (Escala Analgésica da OMS):

  • Dores leves: recomenda-se administração de um AINE e /ou coadjuvante (corticoide, antidepressivo, anticonvulsivo)
  • Dores moderadas: recomenda-se a administração de opioide fraco e/ou algum medicamento dos anteriores
  • Dores severas: opioides potentes mais um medicamento dos anteriores.
  • Dores crônicas de difícil controle: estudar a necessidade de intervenção por parte de anestesiologia (bloqueios, denervação).

Tipos de medicamentos para a dor

1.    Anti-inflamatórios não esteroides (AINE)

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O que são e como funcionam os anti-inflamatórios não esteroides?

Os medicamentos conhecidos por esta classificação que são utilizados hoje em dia, na imensa maioria, inibem as atividades da ciclooxigenasa 1 (cox-1) presente em diversos tecidos e que intermedia reações fisiológicas (produção de sucos gástricos, agregação plaquetária, regulação da função renal), e a ciclooxigenasa 2 (cox-2) está presente em poucos tecidos de forma natural, mas se apresenta no tecido em caso de lesão.

A inibição de cox-2 intermedia os efeitos não desejados da inflamação, mas a simultânea inibição de cox-1 ocasiona efeitos colaterais que são consequência da diminuição na síntese de prostaglandinas, prostaciclinas e tromboxanos, diminuindo a dor.

Os AINEs incluem muitos diferentes compostos que, apesar de quase nunca terem relação química, sim compartilham atividades terapêuticas e efeitos colaterais.

Neste vasto grupo estão os fármacos anti-inflamatórios, analgésicos, antipiréticos e dentro de suas ações farmacológicas deve se considerar seu efeito  antiagregante plaquetário.

A maioria dos AINE inibem tanto cox-1 como cox-2, entretanto, os medicamentos novos geralmente são inibidores seletivos de cox-2 razão pela qual representam menos efeitos adversos.

Além dos princípios ativos mais conhecidos (ácido acetilsalicílico, naproxeno, acetaminofeno e o ibuprofeno), que são de venda livre, existem outros AINE disponíveis, que podem ser prescritos pelo seu médico.

Principais grupos químicos de AINEs

a) Salicilatos:

   ASA (ácido acetilsalicílico)

   Diflunisal

b) Derivados pirazolônicos:

   Aminofenazona (dipirona ou metamizol)

   Fenilbutazona

   Azaprofazona

c) Derivados do para-aminofenol:

   Acetaminofeno (paracetamol ou tylenol)

   Proparacetamol

   Fenazopiridina

d) Derivados do ácido acético:

   Indometacina

   Sulindaco

   Glucametacina

e) Derivados carboxílicos e pirrólicos:

   Etodolaco

   Ketorolaco

f) Derivados do ácido fenilacélico:

  Diclofenaco (voltaren)

  Aclofenaco

  Tolmetina

Fenclofenaco

g) Derivados do ácido n-acetilantranílico:

   Ácido mefenâmico

   Niflumico

   Meclofenamico

   Clonixinato de lisina

h) Derivados do ácido propiónico:

   Ibuprofeno, Naproxeno, Ketoprofeno

   Flurbiprofeno, Fenoprofeno, Oxaprozina

i) Derivados enólicos (Oxicam´s)

  Piroxicam

  Meloxicam

  Tenoxicam

j) Nimesulida, sulfonanilida

k) Grupo naftilalcanonas:

   Nabumetona

Para que servem os anti-inflamatórios não esteroides?

Se você está com dor de cabeça, sofreu um torção, quer combater os sintomas da artrite ou para qualquer tipo de dor, você pode tomar um dos AINE, mas sempre consulte previamente se existem condições que impeçam que você os tome. Também é importante que você respeite a dose recomendada pelo seu médico. Se você sentir qualquer incômodo, suspenda o uso e consulte seu médico imediatamente.

É muito importante ressaltar que apesar de que alguns destes medicamentos são de venda livre, e de fácil acesso, não são inofensivos, já que são compostos químicos e por isso podem gerar efeitos colaterais, o que impede sua administração em certas condições de saúde.

Quais são os perigos e efeitos colaterais dos anti-inflamatórios não esteroides?

Gastrointestinais: ulceração, perfuração e sangramento (2-4 %). Maior risco em pacientes com antecedentes de úlcera péptica, intolerância a outros AINEs, doença cardiovascular e idade maior de 65 anos, esofagite, pancreatite, leves alterações bioquímicas hepáticas. Este efeito é menos frequente com o uso de acetaminofeno ou paracetamol.

Renal: insuficiência renal, necrose papilar, síndrome nefrótica, nefrite intersticial e falha renal. Maior risco de insuficiência cardíaca congestiva, cirrose, insuficiência renal. Especialmente com os derivados do ácido propiônico (ibuprofeno, naproxeno).

Cardiovascular: hipertensão arterial e, em segundo lugar, infartos do miocárdio e acidentes vasculares encefálicos, especialmente com o uso muito prolongado ou com doses muito altas. Maior risco em pacientes que usam betabloqueadores (metoprolol, carvedilol, propanolol). Consulte seu médico já que muitos medicamentos utilizados em cardiologia apresentam aumento de seus efeitos quando combinados com  AINE, ou seja, se você tomar um anti-hipertensivo e adicionalmente tomar AINE, isso pode baixar mais ainda a pressão arterial.

Encefálico: risco maior de apresentar acidente vascular cerebral, o efeito aumenta ao consumir altas doses por longos períodos.

Hematológicas: hemorragias devido à interferência na função antiagregante das plaquetas, neutropenia (disfunção do sangue caracterizada por uma contagem anormal de neutrófilos, a célula branca mais importante do sangue) e outras citopenias por falha medular, principalmente com indometacina e fenilbutazona. Este efeito se apresenta com medicamentos como o Ácido Acetil Salicílico (ASA) especialmente quando combinado com outro AINE diferente ao Paracetamol (Acetaminofeno).

Respiratório:  em pacientes que sofrem de asma ou rinite, podem aumentar seus sintomas.

Dermatológicas: eritema multiforme (Steven-Johnson), necrólise epidérmica tóxica, angioedemas, fotossensibilidade, urticária. Mais cuidado com os derivados dos oxicam’s (piroxicam, meloxicam).

Sistema nervoso central: cefaleias, depressão, confusão, alucinações, transtornos de personalidade, perda de memória, irritabilidade. Podem aparecer por interação com medicamentos que você esteja tomando.

Apesar de serem considerados seguros, os AINE podem causar os efeitos colaterais mencionados acima quando são usados em doses altas ou por longos períodos. Por esta razão, sempre vá ao seu médico de confiança antes de qualquer administração de medicamentos. Na farmácia podem se te orientar, mas a pessoa com o critério para decidir o que é o melhor para você é o seu médico.

Quando devo evitar administrar um AINE?

Algumas pessoas são alérgicas a algum AINE e podem apresentar dificuldade para respirar. Se este é o seu caso, fique atento porque isso significa que você está mais propenso a ter uma alergia grave com outro AINE, além do que provocou sua primeira alergia.

Se você tem asma, deve usar os AINES com moderação, já que tem maior probabilidade de uma reação alérgica grave.

A maioria dos AINE apresenta um baixo perfil de segurança em relação à sua administração por gestantes, assim que se você está grávida (ou suspeita estar) é recomendável que não tome medicamentos sem prescrição médica.

Leia também:

É dor crônica o que estou sentindo?

2. Corticosteroides (corticoides)

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O que são e como funcionam os corticosteroides?

Os corticosteroides, popularmente conhecidos como corticoides, imitam os efeitos dos hormônios que o seu corpo produz naturalmente nas glândulas suprarrenais, que são pequenas glândulas que se encontram na parte superior dos rins. Quando prescritos em doses que excedem os níveis normais do seu corpo, os corticoides cortam a inflamação. Isso pode reduzir os sinais e sintomas das afecções inflamatórias como a artrite e a asma.

Os corticoides também detêm o sistema imunológico, o que pode ajudar a controlar as afecções nas quais o sistema imunológico ataca, por erro, seus próprios tecidos.

A ação dos medicamentos corticoides depende da sua potência, a qual é medida pelo efeito produzido e a duração da concentração no corpo. Estão classificados como:

  • Glucocorticoides: para aquelas moléculas que têm ação principalmente sobre os carboidratos e sobre a inflamação. Seu referente potencial é o cortisol.
  • Mineralocorticoides: os que afetam o sódio e o potássio, não têm efeito analgésico. Seu principal referente é a aldosterona.

Para que servem os corticoides?

Tratam as áreas inflamadas do corpo ao aliviar o inchaço, a vermelhidão, a coceira e as reações alérgicas.

Os corticoides são utilizados para tratar inflamações crônicas como a artrite reumatoide, o lupus, a asma, as alergias, a psoríase e muitos outros problemas de saúde como a insuficiência suprarrenal aguda e crônica (a doença de Addison, por exemplo), esclerodermia, síndrome nefrótica, nefrite autoimune, rejeição de transplantes, doença pulmonar obstrutiva crônica (EPOC), broncoespasmo grave, urticárias, dermatite de contato e são coadjuvantes no tratamento de leucemia e de alguns linfomas.

Você pode encontrar corticoides em diferentes apresentações:

  • via oral: comprimidos, cápsulas ou xaropes ajudam a tratar a inflamação e a dor associada com certas afecções crônicas, como a artrite e o lupus.
  • inalador e spray intranasal: ajudam a controlar a inflamação associada com a asma e com as alergias nasais.
  • uso tópico: os cremes e pomadas podem ajudam a curar muitas doenças de pele.
  • injetáveis: utilizados geralmente para tratar os sinais e sintomas musculares e articulares, como a dor e a inflamação da tendinite.

Têm dois mecanismos de ação:

  1. Mecanismos não genômicos: em doses altas e de ação rápida
  2. Mecanismos genômicos: doses baixas e de maneira lenta

Quais os medicamentos que pertencem a este grupo?

Medicamentos de ação curta (8 a 12 horas):

  • Cortisol
  • Hidrocortisona

Medicamentos de ação intermediária (12 a 36 horas):

  • Prednisolona
  • Metilprednisolona
  • Deflazacort
  • Triamcinolona

Medicamentos de ação prolongada (12 a 36 horas):

  • Betametasona
  • Dexametasona

Quais são os perigos e efeitos colaterais dos corticoides?

Os corticoides podem provocar uma grande variedade de efeitos colaterais, por isso, você deve utilizá-los segundo indicação médica. Devido a que os efeitos colaterais se acumulam no longo prazo, os corticoides devem ser utilizados preferivelmente por curtos períodos (1 a 3 semanas).

No entanto, é comum o uso de corticoides em cuidados paliativos, como no câncer. Se este é o  seu caso, seu médico pode receitá-lo por mais de 3 semanas. Nesta situação, você deve estar ainda mais atento a qualquer reação inesperada.

Os efeito colaterais mais comuns associados ao uso de corticoides são:

  • Aumento de peso, com predominância central (o rosto pode ficar redondo, peito com maior acumulação de gordura, mas com braços finos)
  • Mal-estar estomacal
  • Dor de cabeça
  • Alterações de humor
  • Problemas para dormir
  • Sistema imunológico debilitado
  • Afinamento dos ossos
  • Glaucoma
  • Retenção de líquidos
  • Pressão arterial alta
  • Resistência à insulina; isso pode levar à diabetes mellitus
  • Afinamento da pele
  • Inflamação nas pernas
  • Nos homens, diminui a concentração da testosterona
  • Nas mulheres produz a supressão da secreção de estrógenos e progestinas, razão pela qual provoca alterações na ovulação e alterações na menstruação.

Quando devo tomar um corticoide?

Em qualquer caso, os corticosteroides devem ser administrados com cuidado.

A combinação de um medicamento anti-inflamatório não esteroideo e um esteroide aumenta o risco de sangramento gástrico em 15 vezes; por isso, evite essa combinação, principalmente se você tem idade avançada.

Para obter o maior benefício dos corticoides, com o menor risco possível, faça o seguinte:

  • Use doses mais baixas ou doses intermitentes: as formas mais novas de corticoides vêm em diferentes concentrações e durações de ação. Converse com seu médico sobre a possibilidade de usar doses baixas do medicamento a curto prazo ou de tomar corticoides orais a cada dois dias, em vez de tomá-los todos os dias.
  • Mude para apresentações de corticoides não orais: os corticoides inalados para a asma, por exemplo, chegam diretamente às superfícies pulmonares, reduzindo a exposição do resto do corpo a eles e provocando menos efeitos colaterais.
  • Tome decisões saudáveis durante a terapia: se você está tomando medicamentos corticoides há muito tempo, fale com seu médico sobre as maneiras de minimizar os efeitos colaterais. Adote uma dieta saudável e participe em atividades que te ajudem a manter um peso saudável e a fortalecer os ossos e músculos.
  • Considere tomar suplementos de cálcio e vitamina D: o tratamento com corticoides, no longo prazo, pode causar afinamento ósseo (osteoporose). Fale com seu médico sobre os suplementos de cálcio e vitamina D para ajudar a proteger seus ossos.
  • Tenha cuidado quanto interromper a terapia: se você tomar corticoides orais por muito tempo, suas glândulas suprarrenais podem produzir menos hormônios esteroides naturais. Para dar um tempo de recuperação às suas glândulas suprarrenais, seu médico pode reduzir a dose de forma gradual. Se a dose for reduzida abruptamente, é possível que suas glândulas suprarrenais não tenham tempo de se recuperar e você pode sentir fadiga, dor no corpo e tontura.
  • Use uma pulseira de alerta médico: esta identificação (ou outra similar) é recomendada se você passou por um tratamento com corticoides durante muito tempo.
  • Faça o controle permanente:  se você estiver passando por um tratamento com corticoides a longo prazo, deve consultar seu médico regularmente para verificar se algum efeito colateral está prejudicando sua saúde.

3. Opioides

O que são e como funcionam os opioides?

Os opioides são um grupo amplo de medicamentos analgésicos que interagem com os receptores de opioides das células. Os opioides são aqueles derivados de um composto natural. Podem ter sido feitos de amapola real, como morfina, codeína e noscapina.

Também podem ser sintéticos, ou seja, preparados em laboratório, os quais são chamados opiáceos, por exemplo: fentanilo, buprenorfina e metadona.

Quando os opioides se distribuem no sangue e se unem aos receptores de opioides nos neurônios, as células liberam sinais que amortecem sua percepção de dor e aumentam a sensação de prazer.

Este é o tipo mais polêmico de medicamento para o controle da dor. Os opioides são narcóticos que contêm opiáceos naturais, sintéticos ou semi-sintéticos. Só estão disponíveis com receita médica e sob controle das autoridades médicas de cada país, já que são medicamentos que podem ser utilizados para fins ilícitos.

Geralmente, são usados no controle da dor aguda, como a originária de uma cirurgia. Alguns exemplos de opioides são:

  • Morfina
  • Fentanilo
  • Oxicodona
  • Codeína
  • Hidrocodona
  • Hidromorfona
  • Meperidina
  • Tramadol

Podem ser classificados:

  1. Segundo sua composição química baseada em:
    1. Fenantrenos (codeína, morfina, hidrocodona, oxicodona e oximorfona)
    2. Fenilheptilaminas (metadona e propoxifeno)
    3. Fenilpiperidinas (alfentanil, fentanil, meperidina, sufentanil)
    4. Morfinas (levorfanol)
  2. Segundo sua potência analgésica:
    1. Opioides fracos: (codeína, dextropropoxifeno, tramadol, nalbufina)
    2. Opioides fortes: (morfina, petidina, fentanil, buprenorfina, oxicodona, metadona)

Os analgésicos narcóticos aderem aos receptores nos nervos do cérebro o que aumenta o limiar da dor (a quantidade de estimulação necessária para sentir dor) e reduzem a percepção da dor.

Para que servem os opioides?

Estes medicamentos podem ser eficientes para reduzir a dor, mas você só deve usá-los se a sua dor é forte e não melhora com outros analgésicos. Os opioides não causam sangramento no estômago nem em outras partes do corpo, diferente de outros tipos de medicamentos para a dor.

Não devem ser utilizados por mais de 3 ou 4 meses, por isso, se você sofre de dor crônica, esta não é a melhor opção para você.

São usados em determinados casos:

  • em pacientes com diagnóstico claro
  • intensidade da dor superior a 5 na Escala Visual Análoga (EVA)
  • quando não há outras possibilidades de tratamento específico
  • quando a dor crônica, de moderada a severa, impacta na capacidade funcional e qualidade de vida do paciente e os benefícios superam os riscos.

Quais são os perigos e efeitos colaterais dos opioides?

Os medicamentos narcóticos podem variar em intensidade, mas muito raramente são prescritos por mais de 4 meses. É raro que as pessoas se tornem dependentes deles se os tomam por um período curto. De qualquer forma, para o tratamento da dor crônica, seu uso é bastante polêmico, já que no longo prazo representam um risco real de dependência.

Os efeitos colaterais dos opioides podem incluir:

  • Constipação (intestino preso)
  • Náusea
  • Tontura
  • Sonolência ou sedação
  • Coceira
  • Vômito
  • Dor abdominal
  • Dor de cabeça
  • Boca seca
  • Sensação de estômago cheio
  • Diarreia
  • Estado de confusão mental
  • Sensação de dificuldade para respirar
  • Rigidez no tórax
  • Delírio

Em última instância, o uso indiscriminado dos medicamentos narcóticos pode causar a morte. Outras graves consequências do abuso deste tipo de fármaco incluem:

  • Dependência
  • Dificuldade de respirar
  • Dor no peito
  • Batimentos anormais do coração
  • Parada cardíaca

Dependência aos opioides

Se você toma qualquer opioide, inclusive aqueles receitados, durante longos períodos, você pode desenvolver dependência, o que significa que quando deixar de tomá-lo poderá ter sintomas de abstinência como um forte desejo de tomar o remédio, bocejos, insônia, inquietação, alterações de humor ou diarreia.

A dependência é uma doença crônica caracterizada por uma necessidade muito forte de usar compulsivamente alguma droga e uma incapacidade para controlar este uso. Pode ter consequências fatais.

O uso indiscriminado dos opioides tem se convertido em um problema de saúde pública em alguns países, como nos Estados Unidos.

Neste país, os derivados de ópio causaram a morte de mais de 33.000 pessoas em 2015, segundo o Centro para o Controle e a Prevenção de Doenças. Este número inclui as mortes por heroína, um opioide ilegal, mas quase a metade das mortes envolveu um opioide receitado.

Os casos de dependência não terminam em morte, podem incluir infecções cardíacas graves (endocardite) e síndrome do intestino narcótico.


Quando se deve tomar um opioide?

O melhor é que, antes de começar o tratamento com analgésicos narcóticos, fale com seu médico e esclareça todas suas dúvidas.

Como já mencionamos, o uso deste tipo de medicamento para o controle de dor crônica é bastante controverso e a investigação nos mostra muitíssimos riscos associados a seu uso no longo prazo.

Se você começou a utilizar algum medicamento narcótico, tenha em conta que a sonolência é um efeito secundário muito comum, assim que você não deve operar máquinas pesadas ou fazer qualquer atividade que exija atenção extrema e represente um risco para a sua integridade física. Por adaptação, logo depois de alguns dias de administração, a sonolência não será tão frequente.

Ao tomar um narcótico, nunca tome álcool.

Os narcóticos também podem interagir com outros medicamentos de uma maneira perigosa, inclusive fatal. Não misture este tipo de analgésico com nenhum outro, sem o conhecimento do seu médico.

4. Antidepressivos

O que são e como funcionam os antidepressivos?

A depressão parece estar associada à existência de níveis baixos de determinados neurotransmissores como serotonina, noradrenalina ou dopamina. Por isso, os fármacos antidepressivos tentam aumentar alguma destas substâncias no cérebro através de distintos mecanismos de ação.

Existem quase 30 no total e podem ser de 5 tipos:

* ISRSs (Inibidores Seletivos da Recaptação da Serotonina)     

* IRSNs (Inibidores Seletivos da Recaptação da Serotonina e Noradrenalina)     

* Tricíclicos     

* IMAOs (Inibidores da Monoaminoxidasa)     

* Os tricíclicos e os IMAOs são menos utilizados hoje em dia, em geral só por especialistas.

A ação analgésica destes medicamentos independe do efeito antidepressivo ou sedativo; é mediada pela potencialização das ações das vias serotonérgicas (que geram sensação de prazer) e atuam sobre a nocicepção.  

Além disso, estudos experimentais sugerem que os antidepressivos potencializam os sistemas de opioides endógenos. Também são muito úteis nos casos em que a dor é parte da somatização da depressão.

Como atuam os antidepressivos no combate à dor?

A investigação sugere que os antidepressivos funcionam melhor para a dor crônica de tipo neuropático ou nervoso, a dor de cabeça (como a enxaqueca), a dor menstrual, facial e pélvica. Também se mostram eficientes contra a dor ocasionada  pela fibromialgia e lumbalgia.

Dor de origem neurológica:

– Neuropatia diabética

– Membro fantasma

– Cefaleia

– Artralgia facial

– Neuropatias periféricas

– Dor central

Dor reumatológica:

– Artralgia crônica

– Fibromialgia

– Cervicalgia

– Dorsalgia

– Lumbalgia

Quais os perigos e efeitos colaterais dos antidepressivos no controle da dor?

Comparados com outros tipos de medicamentos usados para controlar a dor, os antidepressivos têm muito menos efeitos colaterais no longo prazo. Em geral, os SSRI e os SNRI apresentam menos efeitos que os antidepressivos tricíclicos.

Normalmente, os efeitos colaterais dos antidepressivos são:

  • Visão borrosa
  • Constipação
  • Dificuldade para urinar
  • Boca seca
  • Fadiga
  • Náusea
  • Dor de cabeça
  • Inibidores da MAO.
    • Hipotensão arterial
    • Sedação ou excitação excessiva
  • Antidepressivos heterocíclicos.
    • Confusão
    • Delírio
    • Problemas de memória
    • Problemas de concentração em pacientes maiores de 50 anos
    • Diminuição do efeito dos medicamentos anticonvulsivos, razão pela qual podem gerar o aparecimento de crises convulsivas
    • Alteração da frequência, ritmo e contratilidade do coração (Taquicardia sinusal)
  • Inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS).
    • Náuseas, vômito
    • Nervosismo
    • Agitação
    • Alteração do sono

As pesquisas têm mostrado que os medicamentos antidepressivos estão associados com um risco levemente maior de pensamentos ou ações suicidas. Se você está tomando este tipo de medicamento e sente que está deprimido ou com este tipo de pensamentos, não ignore. Converse com seu médico imediatamente.

Quando se deve evitar o uso de antidepressivos?

Embora não provoquem efeitos colaterais graves, os antidepressivos também exigem alguns cuidados, principalmente a respeito das interações com outros medicamentos.

Você nunca deve combinar um antidepressivo com outro tipo de medicamento, antes de consultar seu médico. Também não se deve administrar dois tipos de antidepressivos ao mesmo tempo ou combiná-los com álcool.

Por isso, busque a orientação do seu médico de confiança. Os remédios devem ser tomados com responsabilidade.

5. Anticonvulsivos  

O que são e como funcionam os anticonvulsivos?

Como o nome indica, os anticonvulsivos são medicamentos usados normalmente para tratar transtornos convulsivos, mas pesquisas têm mostrado também sua eficácia no controle da dor crônica, especialmente de origem neuropática.

Alguns estudos sugerem que os anticonvulsivos são um pilar deste tipo de tratamento e tendem a gerar menos efeitos colaterais no longo prazo.

Outros estudos defendem que é necessário investigar outros tipos de intervenções de medicamentos para a dor, antes de receitar anticonvulsivos.

Não se sabe como exatamente os anticonvulsivos tratam a dor, mas acredita-se que eles minimizam os efeitos dos nervos que a causam.

Somente alguns poucos medicamentos anticonvulsivos estão aprovados pela  FDA (Administração de Drogas e Alimentos dos Estados Unidos) para o tratamento da dor crônica, incluindo a carbamazepina e a gabapentina. É necessária uma receita médica para para adquiri-los.

Para que servem os anticonvulsivos?

Os anticonvulsivos podem ser especialmente eficazes no combate de diferentes tipos de dor crônica como neuropática, nas costas, fibromialgia e dores de cabeça, como a enxaqueca.

Os medicamentos anticonvulsivos, como topiramato e divalproex sódico às vezes são usados para ajudar a prevenir as dores de cabeça e a enxaqueca.

Indicações:

  • dor crônica neuropática (gabapentina)
  • neuralgia do trigêmino (carbamacepina)
  • neuropatia diabética
  • profilaxia da enxaqueca
  • neuralgia pós-herpética

Quais são os perigos e efeitos secundários dos anticonvulsivos?

Ainda existem poucos estudos que investiguem a efetividade dos anticonvulsivos no tratamento da dor crônica no longo prazo. Por isso, você deve estar atento a qualquer reação inesperada do seu corpo a  este tipo de medicamento.

Geralmente, os anticonvulsivos são bem tolerados mas os idosos podem ser particularmente sensíveis a eles. Seus efeitos colaterais mais comuns são:

  • Sonolência
  • Tontura
  • Fadiga
  • Náusea
  • Boca seca
  • Constipação
  • Dificuldade para se concentrar
  • Inchaço nos braços, panturrilhas e calcanhar
  • Alterações de peso (aumento ou perda)

Quando se deve evitar os anticonvulsivos?

Apesar de que em geral este tipo de medicamento apresenta baixo risco e poucos efeitos colaterais, muitos anticonvulsivos podem interagir com medicamentos à venda com receita e de venda livre.

Os anticonvulsivos podem evitar que alguns medicamentos funcionem normalmente e outros medicamentos podem afetar a ação dos anticonvulsivos. Você deve estar atento já que as duas situações podem ser perigosas.

Alguns anticonvulsivos podem reduzir a eficácia das pílulas anticoncepcionais, ao aumentar a decomposição ou o metabolismo dos estrógenos e da progesterona no fígado. Se você é mulher sexualmente ativa e usa anticoncepcional, pergunte ao seu médico se existe risco no seu tratamento.

Como já mencionamos, os idosos estão mais propensos a apresentar efeitos colaterais ao administrá-los. Se você tem idade avançada, deve estar atento e avisar seu médico se sentir qualquer incômodo.

Tratamentos alternativos para a dor

Os analgésicos são só uma parte importante de um plano de tratamento da dor, mas não são a única opção para você se livrar deste mal.

Existem outras opções que podem te ajudar a aliviar sua dor sem que você se exponha ao risco de sofrer os efeitos colaterais dos medicamentos.

Se a sua dor é persistente e de alguma maneira te impede de ter uma vida normal, consulte um especialista em dor. Os médicos que se especializam nessa área podem provar outros tratamentos, certos tipos de fisioterapia, biorretroalimentação (biofeedback), entre outros.

Entre as muitas alternativas para a dor está a acupuntura, a terapia neural, a osteopatia,a homeopatia e o uso de medicamentos a base de cannabis medicinal.

Saiba tudo sobre os tratamentos para o controle das dores crônicas mais comuns  no nosso artigo específico sobre este tema.

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